3 de junho de 2014

Entre pais e filhos não se mete a colher. Ou mete?

Anda aí uma nova polémica lançada pelo blogue Pais de Quatro na sequência da entrevista ao pediatra espanhol Carlos González pelo Observador. Tenho seguido o assunto com atenção e lido todos os posts relacionados (são como as cerejas!) de que tenho vindo a ter conhecimento e até já fui agraciada com uma menção honrosa a um comentário meu no Pais de Quatro. 
Este é um assunto que me interessa bastante e com o qual me tenho vindo a debater ao longo da minha ainda curta experiência de mãe. Cresci com palmadas e castigos e, se durante toda a minha vida sempre disse que não fiquei traumatizada por isso, a verdade é que dar uma palmada é coisa que me incomoda e não me pareça que o castigo seja solução a longo prazo. No entanto, também não concordo com as teorias do co-sleeping, da amamentação prolongada e do embalar o bebé até adormecer (por sistema ou em bebés com mais idade). Por outro lado, também acho um disparate aqueles pais que refreiam os seus instintos e têm medo de dar colo a um bebé para ele não criar manha. Um recém-nascido não nasce já a "sabê-la toda". Ele só quer calor e conforto, tal como tinha no útero da mãe, e, mais tarde, com 3 ou 4 meses, e mesmo depois, quando eles aprendem que a mãe aparece se eles chorarem, também não é manha, é puro instinto de sobrevivência. 

Traduzido em miúdos, o João Miguel Tavares passou-se com as teorias do pediatra Carlos González, que ele designa como "parentalidade cutchi-cutchi" e apresenta uma série de argumentos contra, com base apenas na entrevista e não nos livros do pediatra, é preciso notar. Os vários posts dele fizeram furor (este é pertinente, com algum humor, e o último e em tom mais sério é este, mas é só pesquisar os outros mais para trás). Concordo com ele em parte, mas a verdade é que a existência de uma pessoa com as ideias do Carlos González me tranquiliza. Não preciso que me digam que tenho de dar muito amor às minhas filhas, mas preciso que me vão lembrando de quando em vez que tenho de ter mais paciência, que ela (a mais velha, porque a bebé não entra ainda na equação) ainda é só uma criança e que as rotinas dos adultos não são compatíveis com o mundo que vai na sua cabecinha e eu não posso exigir dela mais do que ela me consegue dar do alto dos seus três anos e meio. Às vezes, na inflexibilidade do dia-a-dia, é fácil esquecermo-nos disto. E é nessas alturas que tenho de parar, respirar fundo e deixá-la ser a criança que é. No entanto, com regras bem definidas, como ressalva tão bem a Mum´s the Boss. Afinal, estamos a educar seres humanos para viver em sociedade e não serem selvagens ou meninos mimados que ninguém suporta. Como em tudo, é preciso encontrar o meio termo. E é essa a busca incessante que faço dentro de mim.
Um poço sem fundo, é o que é.

3 comentários:

  1. ó se é....nem as crianças, nem nós nascemos a sabe-la toda. E erramos e vamos aprendendo. Gosto de ir lendo algumas coisas e não sou radicalista dalguns movimentos (extremistas) que andam por aí, consigo retirar o melhor para mim (sendo que não detenho a verdade universal-nem eu nem ninguém). E estou farta de aprender e tenho a certeza que a melhorar. Também tento o meio termo, sendo a favor das regras, da disciplina, da rotina e dos horários, bem como do seguir-me pelo instinto e deixar-me(nos) ir...e sobretudo tenho aprendido tanto com ela ;-)
    Em relação a esses blogues não os consigo seguir.... Leio quando se atravessam no meu caminho e depois sigo em frente. prefiro estes assim mais caseirinhos ;-) *

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    1. É como eu, disciplina, rotina, horários, se bem que já fui mais rígida em relação aos horários, com o segundo filho a gente relaxa um bocado... para o bem e para o mal, enfim... :)
      Quanto aos blogues, sigo o Pais de Quatro com regularidade porque acho piada ao JMT e porque, apesar de ser explorado com publicidade nos banners, não tem posts carregados de publicidade :D (isto para não me acusarem de incoerência!!! eheheh)

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    2. Mas, sim, também prefiro os blogues caseirinhos ;)

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