18 de janeiro de 2014

Fatalismos

Ontem, na peça do jornal da noite da sic sobre os incêndios na Austrália, fiquei profundamente tocada pelo discurso de uma mulher a quem o fogo roubou tudo, casa, gado, recordações físicas de uma vida inteira. Ela dizia que sim, que ficara sem nada, mas que ela e os seus lá se iriam arranjar. Tinha de ser não era? E terminava esta frase-pergunta com um sorriso, meio conformado, mas um sorriso, como quem diz agora vamos arregaçar as mangas e seguir em frente, não vale a pena chorar.

Não tem qualquer comparação com o discurso fatalista, remediado e derrotista dos portugueses a quem o fogo pregou a mesma partida, que termina invariavelmente num pranto inconsolável diante da câmara.

Não querendo criticar ninguém porque, perante uma desgraça dessas não sei que reacção seria a minha, penso só que o dia em que percebermos que temos muito a ganhar em observar o comportamento de outros povos, será o dia em que nos tornaremos pessoas melhores. Como povo. Como família. Como pessoas individuais. Perante uma desgraça, seja ela qual for, gostaria também eu de ter a frescura de espírito para olhar em frente e não perder tempo com lamentações. O luto estará sempre dentro de nós. Mas que não nos impeça de ter garra pela vida.

E agora vou ali sorrir um pouco.

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