20 de dezembro de 2013

Um mês de Alice


Um mês. 
Agora que olho para trás acho que este pós-parto não foi assim tão mau. Mas isso deve ser porque já não tenho dores nenhumas em lado nenhum. Não sei há quanto tempo isto não me acontecia, não ter dores, por isso sinto-me uma espécie de super-ex-puérpera que aos poucos vai cabendo nas calças de não grávida, apesar do que dizem uns e outros.

Um mês.
É uma pena que os bebés sejam tão pouco tempo recém-nascidos e tanto tempo bebés. Os recém-nascidos têm todo o encanto e ternura dos seres frágeis como porcelana e dependentes como nenhum outro mamífero. A única altura da vida em que o ser humano é ingénuo e puro é enquanto é recém-nascido, antes das manhas e birras que aprende com os que já cá estão há mais tempo. Devido à falta de experiência, não desfrutei tanto do meu primeiro recém-nascido como desfrutei deste. E só tenho pena que em breve ela deixe de ter as reacções típicas de recém-nascido, que deixe de fazer os barulhinhos à Gizmo, de procurar a mama em todo o lado, mesmo que seja ao colo de algum ser desprovido de mamas, de arrulhar timidamente quando começa a tentar comunicar connosco sem ser a chorar, do calo de mamar que ganhou no lábio, das mãozinhas que mantém sempre fechadas, da roupinha mini de boneca e dos gorros que ainda lhe tapam os olhos. Daqui a pouco começará a engrossar o choro e a sorrir com mais frequência e a crescer como se tivesse pressa de chegar a algum lado, e os gorros vão começar a servir, e, logo a seguir, a deixar de servir, e começará a dormir menos durante o dia e a exigir mais atenção e brincadeiras e não tarda está a puxar o rabo ao gato.

Mas até lá, ainda só passou um mês. E, considerando que uma pessoa nunca sabe que tipo de recém-nascido vai trazer para casa, posso dizer que foi um bom mês. Espectacular mesmo.

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