14 de março de 2014

Avó

Esta madrugada, a minha filha mais velha acordou várias vezes a chorar, aos gritos, inconsolável com qualquer desgosto, pesadelo ou maleita que nunca nos confessou. Não é a primeira vez que acontece, mas desta vez o episódio foi bem mais longo e intervalado por breves períodos de sono leve. Das duas às cinco acudi eu, a partir daí entrou o pai de serviço, tendo os dois acabado por adormecer, exaustos, em cima do tapete.
De manhã, quando acordou, ela de pouco se lembrava, nem eu na altura já o sabia, mas agora consolo-me em pensar que talvez a minha filha estivesse já, sem o saber explicar, a chorar a morte da avó velhinha que partira nessa madrugada.

A minha avó.

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