31 de julho de 2013

Celebrar as marcas da gravidez... como?

Alguém me explica o que há de bonito nesta foto?


Segundo este artigo, baseado neste projecto, um corpo que gerou vida deve ser celebrado e a beleza redefinida. Eu, contudo, vejo uma barriga flácida, com estrias acentuadas que vão da barriga às pernas, fruto de uma gravidez, ou várias, em que a mulher engordou demasiado e/ou não teve nenhum cuidado com a pele durante e depois.
Arriscando-me a que me caia o cuspo em cima daqui a uns meses (dizem que a segunda gravidez deixa as suas marcas), eu não consigo ver nenhuma beleza num corpo deformado pela gravidez. Serei só eu?

A minha mãe tem uma barriga assim (bom, um bocadinho pior). Lembro-me de uma vez lhe ter perguntado o que tinha acontecido e de a resposta me ter marcado até hoje: "Fiquei com a barriga assim depois de tu nasceres". Devia ter aí uns dez anos. A culpa que se apoderou de mim por ter deixado a minha mãe disforme foi tal que durante uns tempos achei que era uma péssima pessoa só por ter nascido. Mas, afinal, eu nunca pedira para nascer.

Na primeira gravidez, tive todos os cuidados com a barriga. Metia creme gordo de manhã e à noite, hidratava bastante a pele com óleos e géis de duche o mais gordos possível e não engordei muito. No pós-parto, fui à farmácia comprar um creme anti-estrias especial para o pós-parto e fiquei bastante orgulhosa com o resultado final. Tirando o peito (já lá vamos), quem olhava para a minha barriga não percebia que já tinha tido um filho. 
Nesta gravidez estou a ter os mesmos cuidados, mas estou com algum medo porque me sinto a engordar com mais rapidez, sinto a pele a repuxar durante a noite e nada me garante que a pele aguente. Mas, ainda assim, estou confiante, porque estou a ter cuidados ao nível da hidratação. Quanto ao peito, nunca mais voltou a ser o que era, não. Um peito que amamenta fica irremediavelmente preso na teia da gravidade e muitas foram as vezes em me olhei ao espelho e pensei que começava a compreender as mulheres que optavam por não amamentar para não "estragar" o peito.

A questão é: se eu voltasse atrás, iria optar por não amamentar? Não! Vou não querer amamentar a minha segunda filha? Não! Se eu ficar com estrias na barriga vou atribuir as culpas às minhas filhas e fazê-las saber disso? Não! Vou provavelmente pensar "não tiveste cuidados suficientes" e procurar outras alternativas, agora daí a olhar para o espelho e sentir-me super sexy num corpo cheio de estrias ou anular-me de tal maneira como se a única coisa que importasse fosse o nascimento das minhas filhas, ui, vai uma diferença monumental.

Eu sou eu, uma pessoa individual, uma pessoa que deixará de ser sentida como o prolongamento das minhas filhas (e vice-versa), uma pessoa com uma vida íntima, uma vida sexual, uma necessidade de me sentir minimamente atraente aos olhos do meu homem que é completamente diferente de todo o amor que possa sentir pelas minhas filhas, de toda a gratidão que possa expressar pelo seu nascimento.
A minha vida sexual não tem espaço para estrias profundas e mamas descaídas.

A meu ver, este tipo de projectos de que falei em cima é para mulheres que precisam urgentemente de aceitar o corpo que têm, que precisam de uma desculpa para se acomodarem e que precisam que lhes afaguem a auto-estima e lhes digam que ser mãe é uma maravilha e tudo o resto não interessa. Eu digo que ser mãe é uma maravilha, sim, mas tenho olhos na cara para me olhar ao espelho e, se não gosto do que vejo, está nas minhas mãos mudar. E deus me livre andar por aí a mostrar orgulhosa a minha barriga descaída.

Haja auto-estima. E muito creme gordo.

11 comentários:

  1. O pior é quando a tua pele é tão má, mas tão má, que não reage a todo o creme gordo que lhe pões e em vez de ficares com uma barriga sem estrias ficas com uma barriga com algumas estrias da primeira gravidez e mais algumas da segunda e com toda a tua roupa de grávida manchada de gordura na zona da barriga! Mas também penso que podia ter sido pior... afinal de contas eu fiz 2 barrigas enormes em que me chegaram a perguntar se eram gémeos e já vi mulheres com estrias muito mais profundas que as minhas... e com todo o creme que continuo a pôr-lhe a coisa até que disfarça mais ou menos! Mas já perdi a conta às vezes em que em frente ao espelho pensei em fazer uma mamoplastia e uma abdominoplastia... não fosse o preço absurdo que cada uma custa e de não ser coberto pelo seguro!!!

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  2. "vejo uma barriga flácida, com estrias acentuadas que vão da barriga às pernas, fruto de uma gravidez, ou várias, em que a mulher engordou demasiado e/ou não teve nenhum cuidado com a pele durante e depois."

    Olá, tenho 3 filhos e sempre (sempre!) tive muito cuidado com a hidratação da barriga e coxas. Pijamas e roupas ficaram manchados de tanto creme e óleo de amêndoas doces. Fiz ginástica pré e pós parto, drenagem linfática no pós parto e sempre muita hidratação específica.
    E não concordo com o que diz, porque olhando para a minha barriga está igual à da foto, é verdade, mas não foi por falta de cuidados. Para dar um exemplo, da segunda gravidez aumentei 7kg mas a barriga estava tão grande como da primeira, onde tinha aumentado 20kg. Os meus filhos nasceram com pesos entre os 3550 e os 3700kg, a maior com 52cm.
    Acredito que tenha a ver com a genética, com o tipo de pele. E se já me custou mais mostrar a barriga em público... agora nem tanto, aprendi a viver com isso ... custa-me o olhar das pessoas exactamente com esse pensamento: "não engordasses tanto! não fosses uma lontra! tivesses cuidado!".

    Enfim, é apenas um desabafo... de quem olha ao espelho, sabendo que fez tudo o que podia, mas mesmo assim tem o umbigo a parecer o sol (com estrias a fazer de raios).

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    1. Olá Quicas, obrigada pela partilha. Talvez tenha a ver com a genética, sim. Não pensei nisso, de facto, foi erro meu ter relativizado e não ter incluído factores como a genética, como já me chamaram a atenção.
      No entanto, queria só reiterar que eu não estou a chamar lontra a ninguém. Quanto muito, chamo lontra a mim mesma, que é como me tenho vindo a sentir ;) Não estou a criticar as mulheres que ficam com estrias. Estou a falar da necessidade que há em sobrepor o ser mãe a qualquer outra coisa. Ser mãe também tem o seu revés e este é um deles. Não consigo ver qualquer beleza nisso, independentemente de ser em mim ou nas outras. O amor de mãe é que não é para aqui chamado, acho eu. Mas se calhar não me expliquei bem.
      Obrigada.

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    2. Olá
      eu percebi o post e não me senti ofendida. Também eu acho que as fotos não são "bonitas", apenas uma realidade de quem teve filhos e algum azar...ou não...de ficar com barriga e coxas naquele estado. Eu sei que fiquei, é verdade, mas olho para elas (as estrias, gordas e arroxeadas) e não me culpo ou aos filhos. São uma "des"maravilha da maternidade, passe a expressão. Apesar de ter voltado ao peso pré-gravidez, as estrias e a flacidez já não desaparecem. Mas é como disse antes, se já me custou mais mostrar a barriga em bikini, agora nem tanto.

      Quanto às maminhas, ui, isso é outra conversa! Sem uma estria, embora tenham amamentado, no total dos 3 filhos, 34 meses. Muito mais pequenas do que antes, mas ainda assim, "normais". E não acredito que estou a falar das minhas maminhas aqui!! :)

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  3. Há mulheres que por muito creme que ponham, por pouco que engordem ficam cheias de estrias.

    Há mulheres que amamentam durante anos e ficam com as maminhas lindas e rijas.

    Nada do que aqui foi escrito é verdade.

    E se não vê qualquer beleza neste corpo, e se acha que estrias ou outras marcas são consequência de falta de auto-estima, que a genética a proteja.

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    1. Cara Anónima, obrigada pelo seu comentário. É verdade que é um erro relativizar, mas quando diz "Nada do que aqui foi escrito é verdade" não está a ter em conta que o que aqui digo se baseia unica e exclusivamente na minha experiência pessoal e na minha opinião que, por ser exactamente a minha opinião, vale o que vale.

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    2. "Eu, contudo, vejo uma barriga flácida, com estrias acentuadas que vão da barriga às pernas, fruto de uma gravidez, ou várias, em que a mulher engordou demasiado e/ou não teve nenhum cuidado com a pele durante e depois."

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    3. Já na resposta que dei à leitora anterior pedi desculpa por relativizar e por não ter pensado que há aqui um facto genético a ter em conta.
      "Talvez tenha a ver com a genética, sim. Não pensei nisso, de facto, foi erro meu ter relativizado e não ter incluído factores como a genética, como já me chamaram a atenção."

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    4. poderia se informar antes, infelizmente fiz tudo o que podia ter feito na minha primeira gravidez e quanto as estrias nada deu resultado... infelizmente não está no nosso cuidar, mas sim na genética, muitas vezes não é relaxo!!!

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  4. Como compreendo... Eu tb passei por isto... As duas coisas... O não gostar do corpo e não ver beleza nesse corpo (que agora tb tenho!) e ter tidos todos os cuidados possíveis e imaginário no antes, no durante e no depois...

    Mas como o meu próprio médico me tinha dito "se tiveres que fazer estrias, vais fazê-las... Está no tipo de pele, no colagénio da pele... e se a tua mãe fez montes delas, corres o risco de que te aconteça também a ti..."

    E assim foi.

    Aumentei 20 kg da minha primeira gravidez comendo saudavelmente e sem exageros. Afinal, toda aminha família faz barrigas imensas e eu não fui exepção. O meu primeiro filho nasceu com 3.700kg de uma mamã com 1.60m que pesava 52 kg qd engravidou. A primeira estria rebentou aos 8 meses de gravidez...

    O segundo bebé, nasceu de uma mamã que pesava 56kg, 4 anos dpx da primeira gravidez... Eu só aumentei 12kg mas ele nasceu com 4.500kg e 50 cm...

    Fiz drenagem linfática, fiz radiofrequência e o resultado continua a ser uma barriga que se esconde num fato de banho inteiro mas que eu sei que lá está... Aos 31 anos aceito o meu corpo, mas não gosto dele...

    Mais, pode ler aqui... http://pequenosetraquinaseeu.blogspot.pt/2015/03/um-assunto-delicado.html

    Encontrei o seu post e lembrei-me do meu...

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  5. Meu bebê tem agora 6 meses , fiz tudo que pudi , todos os cremes drenagem e tudo mais ... Não teve jeito e hoje morro de vergonha de usar uma roupa que apareça algo , com 23 anos e nunca mais poderei usar um short mais curto, um biquíni, um croped ou até mesmo um decote nos seios ... Amo meu filho mais me sinto
    Muito mal comigo mesma ...

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