Para além do bebé que vi naquela aldeia com as pernas nuas cheias de lama seca e que despoletou em mim uma mini-crise de choro, num misto de saudades da minha piquena e de sentimento de impotência por não poder fazer muito para minorar a pobreza no mundo (e por questionar quem sou eu para julgar a qualidade de vida dos outros a avaliar pela minha), há uma coisa que me está a custar muito nestas férias. Os bichos. Os insectos. A bicharada toda que esvoaça, saltita e rasteja por esta África fora e me obriga a inspeccionar minuciosamente as redes mosquiteiras e a abrir as camas de lanterna na mão, como uma demente, que não tem outro nome. Eu não sou eu. Eu sou uma louca besuntada de repelente que treme deitada numa cama estranha, numa palhota chique cheia de aberturas para o exterior, com todo o tipo de traças e gafanhotos lá fora a quererem entrar (sim, quem disse que não há gafanhotos em Moçambique vai levar um açoite!), à espera do pai da minha filha, o homem que ainda vai tendo paciência para as minhas fobias, que foi ao bar ver o jogo do Benfica e eu só não fui com ele porque não consegui conceber a ideia de andar no meio do mato no escuro e ver coisas a saltar e desatar aos berros, como ontem, na casa ao pé da praia, onde imaginei ver e sentir um bicho que não deve ter existido noutro sítio que não na minha cabeça. Vivo em constante pânico.
Fora isso, as férias estão a ser do melhor!
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