15 de outubro de 2013

Expectante

Tenho andando a refrear um pensamento que não me sai da cabeça. Como aquelas pessoas que preferem arranjar bodes expiatórios na inveja dos outros e no mau olhado da lua para os seus problemas ao invés de analisarem a génese da coisa como gente grande, eu meti na cabeça que a miúda vai nascer com a lua cheia. Espera, a miúda já tem nome! Confesso que, depois de 8 meses a chamar-lhe bebé, criatura, coisa, ela, miúda, aquela a quem serão renegados os direitos de primogénita para todo o sempre, tenho de fazer um esforço para me recordar do nome real... Alice. Alice. Depois, quando me lembro, gosto tanto, que me apetece repeti-lo até à exaustão. A Alice vai nascer esta semana - pensa o diabinho cornudo. Não vai, não, ainda não está no tempo - sussurra o anjinho no canto da orelha. Mas há já uns dias que parece que a sinto já com uma orelha de fora e a barriga que parece que já não está tanto lá em cima e cada vez que dou um passo depois de ter vindo da casa-de-banho parece que a bexiga continua a querer explodir e os sonhos em que me rebentam as águas em pleno espaço público à la filme preenchem as minhas noites tão bem dormidas (reparem na ironia) e depois a lua cheia é dia 17. E eu ainda com tanta coisa por fazer!

Que esta superstição não vos iluda. Não sou quase nada supersticiosa. Não gosto de ver o pão virado para baixo nem de tesouras abertas, mas fora isso não há nenhum medo popular que me tire o sono. Por isso não se explica bem esta minha ideia feita de que, lá porque uma nasceu com a lua (e não com o toque da médica nem as caminhadas infindáveis que dava nesses dias, não, nada disso), não quer dizer que a outra repita a façanha. Acho que é a ansiedade a curiosidade de saber como é ter um bebé recém-nascido e uma miúda de quase 3 anos que, apesar de o pai dela me contradizer neste ponto, gosta de enfiar os dedos nos olhos dos bebés e de os estrafegar com aquela meiguice só dela, a conviver na mesma casa, sendo que temos ainda o problema acrescido de o gato Dexter pensar que o berço para a Alice afinal era a prenda dos donos para ele e eu não saber como lhe dizer, sem ferir susceptibilidades felinas, que daqui a uns dias umas semanas vai ter de saltar de lá para fora.
Estou tão expectante que já não caibo em mim. Literalmente. O ponteiro da balança acabou de chegar a um novo recorde e eu já tenho a mala feita há 3 semanas. 

Reparem no ar tranquilizador do bicho: só para que saibas, tenho um olho meio aberto e as garras em riste prontas para te dar uma valente unhada ao mínimo movimento para me tirares daqui. 

3 comentários:

  1. Nunca percebi isso das luas...como se os bebés só nascessem em mudanças de lua (4 vezes por mês) ;-) deixa-te lá estar que já bem sabes o que por aaí vem *

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  2. Isto quando se está nos finais, por muito que não queiramos acabamos por ir nos ditos populares... Eu também estava com a fezada que o Francisco ia nascer na mudança de lua, não nasceu. Nasceu no dia seguinte ;) Quiça a pequena Alice não te "prega" uma partida semelhante ;)

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    1. Eu cá acho que no dia seguinte ainda conta como influência lunar :P

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