Perdoem-me o estrangeirismo, mas tenho, muitas vezes, a sensação de overwhelm. De me sentir oprimida por tudo aquilo que quero fazer (mas especialmente pelo que tenho de fazer), de me sentir esmagada por tudo aquilo que é esperado de mim (como trabalhadora, como mãe, como mulher, como filha, como amiga), de me sentir sufocada, por sua vez, pela sensação de sentir o tempo a esvair-se dos meus dedos, como grãos de areia em dia de vento. Detesto começar a semana com a sensação de já estar atrasada para alguma coisa. Detesto começar a trabalhar com a cabeça noutro sítio. Detesto saber que, de tudo aquilo que se espera de mim, acabo por falhar redondamente sempre no mais importante.
Cheguei ao ponto em que tudo me parece um bicho de sete cabeças e deixei de conseguir distinguir as prioridades. O simples facto de andar há dias a tentar fazer um gorro em crochet para a iniciativa solidária da escola da minha filha está a consumir-me tanto como o facto de saber que nos mudamos daqui a dois meses e está tudo tão pouco preparado para a nossa mudança. Meter a miúda na banheira parece também ser tão difícil de encaixar no calendário como ir ao Leroy escolher azulejos. Isto para não falar da minha máquina de costura que, desde que voltei ao trabalho, nunca mais viu a luz do dia. E que me esqueci que a minha mãe faz anos hoje e não fiz/comprei nada para ela.
E, por isso, para conseguir respirar antes que a semana chegue a meio, decidi hoje não ir com a malta ver o jogo que meio Portugal vai parar para ver, ir buscar as minhas filhas sem pressas e, quando as conseguir distrair com algum tipo de entretenimento fácil, telefonar à minha mãe para dar aquele beijinho e tentar fazer mais uma voltinha do gorro, só para dar a ideia de que avancei com alguma coisa da minha vida.
E, por isso, para conseguir respirar antes que a semana chegue a meio, decidi hoje não ir com a malta ver o jogo que meio Portugal vai parar para ver, ir buscar as minhas filhas sem pressas e, quando as conseguir distrair com algum tipo de entretenimento fácil, telefonar à minha mãe para dar aquele beijinho e tentar fazer mais uma voltinha do gorro, só para dar a ideia de que avancei com alguma coisa da minha vida.
Espero que Portugal ganhe hoje para dar algum ânimo ao país, mas, na verdade, a título pessoal é coisa que pouco me interessa.
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