30 de janeiro de 2015

Treino

Ultimamente, quando chego a casa de ir buscar as miúdas ao colégio, ganhei o hábito de ir para o quarto das brincadeiras/costura, em vez de ir para a sala ou a cozinha fazer sabe-se lá o quê, como o jantar.
É óbvio que elas (ainda) preferem estar onde eu estou e, embora no início fosse um pouco caótico, agora conseguimos estar as três a fazer coisas diferentes, numa harmonia inusitada. Quando digo "estar as três a fazer coisas diferentes" quero dizer que não estou com nenhuma ao colo e que consigo, efectivamente, fazer as minhas coisas (quase) sem interrupção: eu costuro ou simplesmente arrumo os meus tecidos (o que pode ser igualmente relaxante), e elas, cada uma à sua maneira, brincam com as suas coisas. Ainda não brincam muito juntas e, quando acontece, acaba sempre com alguma a chorar ao fim de dois minutos, por isso prefiro assim. Tanto que, num dia normal de trabalho, isto é, num dia em que não tenho mesmo tempo nenhum para descer cá abaixo sorrateiramente e tirar o pó à máquina, é dos poucos momentos do dia/da semana em que consigo costurar alguma coisa. De vez em quando, a Alice vem agarrar-se à minha perna, eu dou-lhe um beijinho e logo lhe desvio a atenção para outro brinquedo muita giro, enquanto a Inês pinta ou desenrola uma daquelas cenas de faz-de-conta de que gosta tanto. É relaxante. Harmonioso. Perfeito.

Esta cena pacífica, harmoniosa, perfeita costuma durar... dez minutos. Mas hoje durou vinte! O meu objectivo é treiná-las para que me deixem estar ali duas horas.
Presumo que daqui a cinco anos consiga.

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