4 de julho de 2012

Saudades

Chego a casa quase às dez da noite, de compras da mão e torcicolo no pescoço. Antes disso fui pôr gasolina, comprar envelopes, experimentar cadeiras de escritório, jantar fora, sozinha, mentira, tinha um livro, comprar comida para o gato, e envelopes, pôr gasolina. Depois cheguei a casa, vazia, a casa e eu, sozinha, eu, que a casa tinha o gato, com vontade de ir regar as plantas e apanhar a roupa como se não desse mesmo para deixar para amanhã. Daqui a nada vou-me deitar, sozinha, mentira, com o gato, ler um livro como já não fazia há tanto tempo, mais precisamente desde o Natal, altura em que comecei a ler este mesmo livro que agora tento acabar. A minha vergonha de má-leitora-desde-que-sou-mãe é da cor do gelado da Häagen Dazs, dulce de leche.

Ela não está. Ele não está. Ela está nas primas, e na avó, e em todo o lado menos aqui comigo, que era onde devia estar se a mãe dela, que parece que sou eu, não se tivesse lembrado que agora é que era mesmo altura de andar por aí a fazer cursos pós-laborais enquanto o pai dela empurra a bicicleta pela mão de Santiago. Daqui até domingo ainda o que falta e desta vez está a custar-me mesmo a sério. Mesmo, mesmo, como custam as coisas realmente importantes. O que me vale é o festival, na sexta, e depois um fim-de-semana só de mulheres para pôr a converseta em dia e bambolear a celulite na praia. Mas antes disso acho que ainda vou arrumar a roupa por cores e alisar-lhe a colcha da cama, vazia.

1 comentário:

  1. Já faltam poucos dias :) fica com o consolo que sim, tens a certeza que eles voltam.
    No fim de semana afogamos as magoas entre imperiais e sobremesas de restaurantes e, pelo menos para ti, na segunda-feira tudo vai estar bem melhor

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