24 de janeiro de 2014

Eu, mãe de uma pachá, me confesso

Estava eu a pesquisar se aos dois meses já é possível um bebé rir audivelmente ou se, esta manhã, aquele risinho que a Alice soltou foi mero fruto da minha imaginação, quando reparo que o respeitado Dr. Brazelton, no seu Grande Livro da Criança, ignora com grande indelicadeza os bebés de três meses, passando directamente das 8 semanas para os 4 meses no capítulo sobre o desenvolvimento do bebé . Não sei se foram páginas que se perderam do manuscrito e ninguém deu por nada, se, aos 3 meses, o bebé, já deixando de ser recém-nascido e deixando de inspirar cuidados indispensáveis à sua sobrevivência e de ser novidade para os pais, não é ainda o poço de gracinhas e conquistas desenvolvidas a partir dos 4 meses e, portanto, não passa de um minorca desdentado que caga e dorme, completamente desprovido de interesse, não sendo, assim, digno de menção nos livros de puericultura.

Pois um grande buh! para o Sr. Brazelton. Está certo que com dois meses ela ainda não faz nada digno de nota, não agarra em objectos, não se vira, não se senta, não lê o jornal. Mas dorme de noite - e isso é um grande feito! -quase já não tem cólicas, e de dia, sempre que eu preciso de ir fazer alguma coisa à rua, como ir ao ginásio, ir ao dentista ou simplesmente ir para um café ler e apanhar um bocadinho de sol, como ontem, ela dorme o tempo todo ou fica simplesmente ali quietinha a admirar as luzes, os vultos e os barulhos novos que lhe chegam. Mama bem, caga bem, dorme bem e já veste roupa de três meses. 

É ainda a delícia das velhas de Algés. 

Não posso pedir muito mais. Qualquer dia acusam-me de não saber o que é ser mãe.

[Já me calei.]

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