Na nossa casa não se obriga ninguém a comer do estilo "não sais da mesa até rapares o prato", mas insiste-se, principalmente de manhã, naquela que é a primeira refeição do dia. Ficamos, os adultos, mais descansados se sairmos todos de casa com o estômago aconchegado.
Num destes dias, a conversa sobre a necessidade de comer tomou outras proporções. Ora vejamos.
- Vá lá, Inês, se não queres a torrada, ao menos tens de comer a banana.
- Não quero...
- Tem de ser. Não podes ir para a escola sem comer. Come lá a banana...
10 segundos depois...
- Mamã, sabes o João da minha sala?
- Sim.
- Ele deixou de gostar de cenoura.
- Deixou de gostar?
- Sim. Ele ontem gostava, mas deixou de gostar.
- E como é que isso aconteceu?
- Na casa dele a mamã dele dizia-lhe que ele tinha de comer cenoura, sabes. E ele agora já não gosta de cenoura.
O que responder a isto? Certamente não aquilo que eu fiz, que foi sair da cozinha para me rir à vontade. Na verdade, não sei porque o fiz. Isto não tem piada. Isto é verdadeiramente trágico. Já estou a vê-la a acusar-me de querer que seja uma infeliz e solitária adolescente por não a deixar ir para a discoteca com 12 anos. É que disto até lá é um passo. Senhor González, alô?
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