Tal como aprendi na Oficina de Escrita Habitual sobre a simplicidade dos textos e a necessidade de cortar e editar a tralha de palavras que não servem para nada a não ser para encher e desconcentrar o leitor, também na minha vida estou a precisar de cortar e editar umas quantas pontas soltas. Faz de conta que só agora percebi que na casa nova não cabem todos os meus livros e material áudio. Nem toda a minha roupa, que não é assim tanta, mas há o azar de termos quatro estações neste país. Nem todos os brinquedos das miúdas que afinal só servem para as dispersar. Estou, assim, em pleno processo de destralhamento de tudo: de palavras, de coisas, de tempo.
Como o tempo me tem faltado para, por exemplo, falar das outras coisas que aprendi na Oficina, acho que vou ter de perceber bem onde gasto o meu tempo e simplificar as minhas tarefas diárias. Por exemplo, hoje à noite quando o homem quiser fazer aquela série de exercícios abdominais que combinámos fazer sem falta depois de as miúdas irem dormir (há quem escolha fazer outras coisas depois de os miúdos irem para a cama, eu sei), eu vou-lhe dizer que não posso fazer cá abdominais, que preciso mesmo é de escrever.
Tenho a certeza que ele não se vai importar nem me vai olhar com aqueles olhos suplicantes de quem está com a paciência por um fio. "Mas escrever o quê, mulher?"*
*exemplo copiado da Dora, que tanta graça (e verdade) teve.
Sem comentários:
Enviar um comentário