Já se sabe que vou mudar de casa em pouco tempo. Como consequência, estou em mais um processo de destralhamento. Comecei pela roupa, que já doei ou pus de lado para vender, peguei nos cds, livros e dvds e já tenho destino para quase todos. Um ou outro anúncio do Freecycle e também me desfiz de outros objectos que não me farão falta. Há outras coisas que se vão partir convenientemente durante a mudança e ainda outras para as quais arranjarei, certamente, um destino adequado. Mas isto são as minhas coisas e as das miúdas, sobre as quais ainda tenho total controlo. Nem os pertences do felino escaparam. O pior são as coisas do homem da casa: as roupas que ocupam 70% do roupeiro comum, os ténis e sapatos (em quantidade de fazer inveja a qualquer mulher) e os gadgets. É um homem que gosta de estar preparado para todas as eventualidades, nomeadamente todos os pesos: convém ter roupa para os 70 quilos, roupa para os 80 quilos, roupa para os 90 quilos e, não vá o diabo tecê-las, roupa para um peso intermédio. Para não falar na roupa de desporto, mas é melhor nem ir por aí.
É certo que, por ser um adepto incondicional das novas tecnologias, possui muito poucos cds, mas tem, por exemplo, livros em duplicado porque, quando os comprou, não se lembrava que já os tinha, e livros de cozinha que davam para encher uma biblioteca municipal. Por outro lado, como está sempre a par das novas invenções e é pessoa que gosta de ter tudo o que são gadgets, cá há em casa temos pelo menos um dispositivo para, por exemplo, medir a actividade física, desidratar, encher a vácuo e outras coisas mais ou menos inclassificáveis.
Isto tudo dá-me grandes dores de cabeça.
Isto tudo dá-me grandes dores de cabeça.
Já concordámos que a casa nova, apesar de ser maior, não tem espaço para tudo pois já tem bastantes coisas e mobília do seu tempo de solteiro que lhes foram oferecidas pela mãe, pela madrinha, pela avó e que, portanto, vão estar no centro de uma verdadeira crise um verdadeiro dilema familiar.
Por conseguinte, estou constantemente a lembrá-lo que tem de dar uma volta aos sacos dele (não vou dizer que são de plástico) onde guarda os papéis para o IRS, ou aos livros do tempo da Maria Cachucha ou àquela roupa que parece saída de uma aldeia algures no Tirol... Mas ele nada. Proibiu-me, inclusivamente, de mexer nas suas coisas e até de deitar fora seja o que for, mesmo que sejam coisas tão úteis como as National Geographic que recebe desde 1988.
Mas depois manda-me este artigo para o mail. Para "reflectir". E eu, que não gosto de me ficar atrás nas respostas, mando-lhe este de volta. Para reflectir.
Depois falamos.
Depois falamos.
Pelo menos fico com a certeza que não é só a minha casa que está CHEIA de tralha! Os problemas por cá são mesmo a casa ser pequena e nenhum de nós estar propriamente interessado em destralhar praticamente nada! Um dia destes já comentámos meio na brincadeira que os tectos ainda estão livres...
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