Acontece-me sempre que tenho filhos (até parece que já tive uns quatro...). Logo nos meses a seguir ao nascimento, consigo manter mais ou menos os hábitos de leitura, aproveitando o tempo em que dormem ou mamam. Mas por volta do quarto ou quinto mês, tendo a adormecer à segunda página, perco o fio à meada, pego noutro livro, volto a perder o fio à meada, às tantas já ando a ler quatro ou cinco livros ao mesmo tempo e acabo por não ler nenhum.
Desta vez, por ter um telemóvel daqueles inteligentes que faz tudo menos fritar batatas, o telemóvel acaba por ser a minha grande companhia quando tenho de dar de mamar a meio da noite. Podia ler livros no telefone, podia, mas acabei por substituir a leitura de livros pela leitura de blogues, não só aqueles que sigo diariamente, como até mesmo a leitura integral de alguns (poucos) blogues que me fascinaram ao ponto de querer descobrir o que se escondia nos arquivos.
Li na íntegra uns quantos desses blogues, maioritariamente blogues de mães como eu para quem a maternidade não é um quadro cor-de-rosa cheio de fofos e folhos, mas sim uma realidade dura que nos cansa e enche de culpa, mas também nos recompensa com aqueles momentos de ternura e auto-realização que nos marejariam os olhos de lágrimas se fôssemos do tipo romântico. Daí que, nos últimos cinco meses, a meio da noite, enquanto vocês dormem, eu ando a investigar os arquivos dos blogues do outros, familiarizando-me com as autoras desses blogues e as suas famílias como se de personagens literárias se tratassem. Não as conhecendo pessoalmente, resta-me imaginar como serão os seus gestos no dia a dia, a sua voz, as suas roupas, a forma como fazem festinhas ou gritam com os filhos.
Foi mais ou menos assim que fui dar ao blogue da Inês Teotónio Pereira, um blogue divertido sobre as aventuras de ser mãe de seis filhos (sim, seis!), e ao seu livro Humor de Mãe. Mesmo que algumas das suas ideias de direita sobre o aborto, a co-adopção e outras que tais estejam em extremos opostos das minhas, divirto-me muito com a maneira irónica como escreve sobre a maternidade e revejo-me bastante em alguns pontos. Foi este o livro que comprei ontem (porque a Feira do Livro ainda tarda) e é esta a recomendação que deixo aqui para o Dia Mundial do Livro. Por doze euros (e uma capa que faz lembrar a vaselina Couto!), vale a pena dar algumas gargalhadas e pensar que não estamos sós nesta dicotomia de amarmos os nossos filhos, mas às vezes já não os podermos ver pela frente.
Aqui um pequeno excerto. |
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