27 de novembro de 2014

Aldeia

Para tratar de uma questão relacionada com o contrato do gás, entrei numa espécie de loja de electromésticos. Percebi logo que estava mal, não podia ser ali. Lá ao fundo, duas secretárias com duas senhoras que olhavam para mim. Entrei a medo e, entre aspiradores e máquinas depiladoras, perguntei se era ali que podia tratar de assuntos relacionados com o gás. Era. Convidaram-me a sentar e lá fiz o que tinha a fazer, de olho nos aquecedores a óleo atrás de mim. Durante o tempo que esperei houve várias pessoas a entrar para trocar a bilha de gás ou comprar resistências. Depois de concluído o processo, coloquei uma questão à qual a senhora não me soube responder. Foi chamar o chefe de secção ou gerente de loja, não sei muito bem como lhe chamar, que veio ter comigo e me cumprimentou efusivamente, como se andasse comigo no ginásio. Catano, e não é que andava?

(Já referi que a minha instrutora do ginásio é mãe de um coleguinha de escola da Inês?)

E é assim que viver nesta terra destrói qualquer tentativa de anonimato. Por outro lado, vejamos o lado prático: não há muita gente que se possa dar ao luxo de, num só sítio, poder pagar o gás e comprar um ferro de engomar.

Aposto que, quando precisar de ir tratar do contrato da água, vou encontrar o professor de natação da Inês. Ou, quem sabe, a minha nova empregada doméstica? Ah, espera. Essa já trabalha na agência de viagens!

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