10 de dezembro de 2014

12 horas

Hoje fiquei de cama com uma daquelas enxaquecas que chegam depressa e me toldam a visão e a capacidade de assimilar cheiros e digerir comida. Pedi ao Tiago que fosse buscar as meninas à escola e que fosse dar uma volta com elas para fazer tempo de o segundo comprimido superpotente (a porra que é) fazer efeito. Quando chegaram, ainda eu estava deitada, de pano húmido sobre a testa que é só como consigo estar nestas alturas. A Inês, muito preocupada comigo, ofereceu-se para me dar a mão ao descer as escadas (para eu não cair), ir buscar-me uma frutinha e tapar-me com a manta. Depois enroscou-se ali comigo e ia perguntando se precisava de alguma coisa com uma insistência muito maternal e algo exagerada... A Alice, ao ver a mana com a mãe e completamente alheia a maleitas dos adultos, começou a puxar a manta com força e a irmã para baixo para ser ela a enroscar-se ali comigo. Por dois segundos, apeteceu-me ter mais filhos para ter muita gente que me apaparique quando tenho enxaqueca. Mas depois lembrei-me que enxaquecas e (muitos) filhos estão como o vinho está para a água e voltei a concentrar-me na minha dor.
E foi então que, 12 horas depois de ter aparecido, a dor desapareceu, assim do nada. Durante 12 horas, eu não fui eu, eu fui um corpo inerte no sofá com um gato em cima. Não fiz nada. Não trabalhei, não comi, não me diverti, não dei carinho às minhas filhas, não namorei, não fui ao ginásio. Nada. O que me leva a pensar que ter saúde é capaz de ser a coisa mais importante desta vida.

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